Autora: Ann Brashares
Páginas: 336
Editora: Seguinte
Avaliação: 5/5 Favorito!
Sinopse: Sasha e Ray sempre passam o verão na velha casa de férias da família. Desde pequenos, os dois dividiram muitas coisas — leram os mesmos livros, correram pela mesma praia, comeram pêssegos colhidos na mesma fazenda, tomaram café da manhã sentados à mesma mesa. Até dormiram na mesma cama, mas nunca ao mesmo tempo. Afinal, eles jamais se encontraram. O pai de Sasha um dia foi casado com a mãe de Ray, e juntos tiveram três filhas: Emma, Quinn e Mattie. Mas o casamento acabou, deixando para trás apenas rancor e ressentimentos. Os dois casaram de novo e formaram novas famílias, mas nenhuma delas pretende desistir da casa de praia, muito menos compartilhá-la. Até este verão. As vidas de Sasha e Ray estão prestes a se cruzar — e, com tudo junto e misturado, as famílias vão mudar para sempre.
Eu nunca li um livro como esse. Há beleza nos diálogos. Há cenas muito significativas. Há também uma mescla proposital de emoções durante a leitura. E um time de 7 protagonistas, contando com três personagens de apoio que foram parar sem paraquedas no que sobrou dessa família. Uma receita inesquecível de doçura e amargor, de erros e perdão e de amor e superação.
Em “Tudo Junto e Misturado”, temos um enredo voltado para o público jovem que está começando a vida adulta. Com uma narrativa que nos pega de surpresa pela criatividade, a autora vai trabalhar um assunto muito importante e comum nessa fase de nossas vidas: a incerteza de quem somos.
Mas confesso que fiquei um pouco assustada com a percepção de que todos os filhos estavam enfrentando uma crise de identidade pelo comportamento dos pais.
“Dividir era tudo o que faziam. Conforme a combinação de seus pais, dividiam a casa, dividiam o ano, dividiam os feriados, dividiam a comida, dividiam artigos de papelaria, dividiam os custos igualmente — bom, igualmente na teoria. Havia controvérsias entre os pais em quase todas as divisões: os afazeres domésticos, o gramado, a manutenção da piscina. As irmãs dele também eram divididas. Os pais de Ray pareciam desfrutar de um casamento tranquilo, mas foi o casamento acabado havia tempos e o divórcio amargo entre sua mãe, Lila, e o pai de Sasha, o quase mítico Robert Thomas, que moldou a vida deles.”
Primeiro, essa é a história de Lila e Robert. Algo aconteceu para o casamento deles não dar certo. Faz mais de vinte anos que não suportam ficar perto um do outro e por isso se evitam como dois inimigos. Segundo, essa é também a história de Emma, Quinn e Mattie, filhas deles. E por último, essa é a história de Sacha, filha do segundo casamento de Robert; e Ray, filho do segundo casamento de Lila.
As três irmãs são aquelas que estão segurando todo mundo, mantendo os dois lados em pé. Mas para isso tiveram que abrir mão de uma parte essencial delas. Elas terão dúvidas quanto a quem são e sentirão insegurança quando ao futuro que devem escolher.
Sasha e Ray possuem um vinculo inevitável. Acho que foi isso que me tocou. Eles não poderiam estar mais distantes um do outro e ainda assim tão perto e de uma forma tão única!!!
“Para ele, o cheiro do lar era, mais do que qualquer outra coisa, o cheiro de uma garota que ele não conhecia. Seu lar não era a casa de tijolinhos com três andares na rua Carroll, no Brooklyn, onde ele morava a maior parte do tempo. Seu lar era aquela casa grande na beira de uma lagoa que transbordava para o oceano no Braço Sul de Long Island, numa cidadezinha chamada Wainscott. Ali ele passava metade das semanas do verão e metade dos finais de semana de quase todos os anos da sua vida.”
Mas como alguém consegue se conectar com outra pessoa tão profundamente sem nunca a conhecer? Sem nunca falar com ela?
Essa foi a mágica da autora. Ela conseguiu com muita sensibilidade construir esse sentimento de completude. Havia uma necessidade crescente na história de uni-los. Como se um fosse o que faltava no outro.
“Acho que eu ia gostar muito que você e Ray se conhecessem. Vocês dois são diferentes em quase todos os sentidos, mas são as duas metades de um todo. Me assusta um pouco. Estou proibida de querer que as duas metades se juntem. Mas sempre quero.”
E o encontro foi um encaixe perfeito. Foi muito intenso. Eles não precisaram se explicar. Era como se sempre estivessem estado lá, um ao lado do outro. Havia uma compreensão além de palavras.
Ann Brashares nos trouxe um enredo forte sobre uma família separada por um segredo do passado. Algo tão doloroso que os condenou a viverem em extremidades opostas.
E trabalhou as consequências dessa relação disfuncional com os filhos. Tanto Emma, Quinn e Mattie, quanto Ray e Sasha compartilhavam os sentimentos de solidão e vazio. E ainda tentavam lidar, sem sucesso, com o que esperavam deles.
Com uma linda mensagem sobre o amor que mantinha todos juntos e misturados, iremos ver cada um deles encontrando o próprio lugar à custa de um evento que irá mudar a vida deles para sempre!
Preparem os lencinhos para esse final! Aliás, acho que a autora deixou uma brecha para pelo menos mais um capítulo. Mesmo assim fico satisfeita, apesar da tristeza pelos acontecimentos derradeiros.
O livro foi muito mais do que eu esperava! Amei e recomendo muito!!!!
Beijinhos. Rafinha.
(Resenha da Colaboradora Rafaela Duarte)